Gothamitas [007] - O Coveiro

Você conhece os heróis... Você conhece os vilões... Você conhece os policiais... Chegou a hora de conhecer Gotham City pelo olhar de seus verdadeiros habitantes: os GOTHAMITAS!!!


A grande maioria das pessoas gosta de professores. Quase todos admiram e respeitam o louvável trabalho de médicos, bombeiros e policiais. Também existem aqueles que gostariam de entrar para a área financeira e se tornar um bancário, administrador de empresas ou até mesmo um contador.

Porém, você sabe o que todos eles têm em comum? O que todas as pessoas, independente do que elas façam, tem em comum? Em algum momento, na maioria das vezes inesperado, todas elas morrem. Neste momento os trabalhadores da minha profissão se fazem necessários: os coveiros.

Trabalho no Cemitério Municipal de Gotham City há quase 3 anos e nunca passei um dia sem enterrar pelo menos umas 10 pessoas. Tirando os poucos que morrem por causas naturais ou devido a alguma doença, a média de mortes nesta cidade é impressionante e o motivo todos conhecem, portanto não preciso ficar aqui enumerando a nossa vasta coleção de assassinos, até porque enquanto eles estiverem ativos o meu emprego continuará garantido. É um pouco mórbido pensar desta forma, mas preciso de grana para manter os meus 3 filhos e a minha esposa que, por motivos que não convém entrar em detalhes, não pode trabalhar.

Eu sei que você ouviu isso e torceu o nariz para o meu raciocínio, mas pare pra pensar: o que seria dos coveiros e legistas se ninguém morresse?  O que seria dos médicos, psicólogos, fisioterapeutas, oncologistas, pediatras e enfermeiras se ninguém ficasse doente? O que seria dos policiais se não houvesse bandidos? Pra mim, tudo faz parte de um ciclo que se equilibra naturalmente.

Eu preciso comer, logo preciso do meu emprego; Eu preciso manter o meu emprego, logo o número de mortes em Gotham City precisa continuar alto; Para o número de mortes continuar alto os assassinos tem que continuar “na ativa”; Com o número elevado de assassinos, aumentará o número de policiais; Aumentando o número de policiais, a população terá a falsa idéia de segurança e continuará morando por aqui; Crescendo a população, teremos cada vez mais investidores; Com mais investidores, aumentará o número de shoppings, lanchonetes e supermercados; Aumentando o número destes estabelecimentos eu terei onde comprar comida... Entendeu o que eu disse sobre ciclo?

Só não gosto quando chegam diversos caixões de uma vez só. Imaginar que várias pessoas morreram no mesmo lugar e da pior forma possível é deprimente. Imaginem a dor dos familiares quando eles tomam conhecimento de que seus entes queridos morreram na mão da pior espécie de gente que, infelizmente, mora nesta cidade. Na última vez em que isso aconteceu, o Coringa lançou o seu gás do riso numa festa de aniversário e não sobrou nem o cachorro pra contar a história. Exatos 53 caixões entre crianças e adultos. 53 caixões e apenas 12 pessoas para representar a família nos enterros. Uma das cenas mais tristes que eu já vi na vida.

Porém, independente de quando você morrerá, a busca de uma vida melhor é algo inerente a todos os seres humanos, correto?! Todos nós buscamos chegar a um lugar melhor do que estamos atualmente. O que nos diferencia é a forma como buscamos este resultado. Alguns trabalham a vida toda e nunca conseguem sair da merda em que estão. Outros recorrem a meios ilícitos e mudam de vida da noite pra o dia. Será que os fins justificam os meios?

Conseguindo ou não atingir o ápice da sua vida, no final todos temos o mesmo destino: descansar o sono eterno longe das preocupações da vida, família, emprego e os demais problemas recorrentes em nossa breve existência neste mundo.

Todos querem descansar... Todos querem ter uma morte feliz... Mas morrer é feliz?

Pra finalizar, a ironia máxima da minha vida se concretizará exatamente quando eu morrer: todos estarão na “morada eterna” enquanto eu estarei no meu local de trabalho. Se isso não for ironia, não sei mais o que é...



Gostou? Não gostou? Comente abaixo e nos ajude a compor os próximos capítulos.

Comentários

Postar um comentário